Dólar fecha sobe a R$ 3,37e renova máxima em 12 anos
A moeda norte-americana avançou 1,25%, a R$ 3,371 na venda. Mercado repercutiu dados sobre os EUA e incertezas no Brasil.
O dólar fechou em alta em relação ao real nesta quinta-feira (30),
acompanhando o fortalecimento da moeda norte-americana nos mercados
externos diante de expectativas de altas de juros nos Estados Unidos
ainda neste ano e preocupações com a desaceleração da China.
O dólar avançou 1,25%, a R$ 3,371 na venda, após cair 1,18% na sessão passada, interrompendo uma sequência de 5 altas. Veja cotação. O
valor de fechamento voltou a atingir o maior nível desde 2003. É o
maior patamar desde 27 de março de 2003, quando fechou a moeda fechou
negociada a R$ 3,386 na venda, segundo a Reuters.
Na semana e no mês, há alta acumulada de 0,72% e 8,43%, respectivamente. No ano, a moeda já subiu 26,79%.
"Mais um dia de alta generalizada do dólar, no mundo todo", resumiu à
Reuters o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O crescimento econômico dos EUA acelerou no segundo trimestre,
sugerindo um ímpeto que pode deixar o Federal Reserve, banco central
norte-americano, mais perto de elevar a taxa de juros neste ano. A alta
dos juros norte-americanos pode atrair para a maior economia do mundo
recursos atualmente aplicados no Brasil, cenário corroborado pela
sinalização de que o Banco Central brasileiro não deve voltar a elevar
os juros básicos tão cedo após aumentar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na véspera, a 14,25%.
Dólar nos últimos dias
Veja a variação do valor de fechamento em R$
Gráfico elaborado em 30/07/2015
O Federal Reserve aguarda sinais de recuperação da economia dos Estados
Unidos para elevar a taxa de juros no país. Com a expectativa de haver
mais investidores interessados em aplicar dinheiro nos EUA, o dólar
ganha força e tende a subir em relação a outras moedas, como o real.
"O crescimento do PIB (dos Estados Unidos) faz crer que a alta de juros
venha este ano. Ainda não está claro se em setembro ou dezembro, mas
deve vir este ano", disse à Reuters o diretor de câmbio do Banco
Paulista, Tarcísio Rodrigues.
Preocupações com a desaceleração da economia chinesa em meio ao tombo das bolsas do país também sustentavam a aversão a risco. No Brasil
No mercado local, somava-se ao persistente quadro de apreensão com a
situação fiscal e com as turbulências políticas no Brasil a indefinição
sobre a intervenção do Banco Central no câmbio, após o salto recente da
moeda dos EUA, que tende a pressionar a inflação ao encarecer
importados.
"A autoridade monetária diminuirá ainda mais a oferta do derivativo?
Mês a mês houve redução da oferta, e o BC pode ainda aproveitar o bom
momento externo em relação ao juro americano para reduzir ainda mais a
oferta", escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos, segundo
a Reuters.
Além disso, a disputa pela formação da Ptax de julho nas últimas
sessões do mês deixava as cotações mais sensíveis. A Ptax é uma taxa
calculada diariamente pelo BC que serve de referência para diversos
contratos cambiais, que aponta a média do preço do dólar em real.
Operadores costumam disputar para influenciar a taxa da última sessão do
mês, que determina a cotação utilizada para precificar o primeiro
contrato futuro de dólar negociado na BM&F. Contratos futuros de
dólar são acordos de compra ou venda de dólares no futuro, porém com
preço já estabelecido no momento da negociação. É uma forma de se
prevenir de altas e baixas da moeda.